A química fina é uma atividade caracterizada pela síntese de produtos de alto valor agregado para aplicações altamente especializadas. Seus produtos são geralmente obtidos em várias etapas químicas, através de processos em batelada ou semi-contínuos e, por apresentarem grande valor agregado e uso específico, são produzidos em quantidades mais modestas (de quilogramas/ano a algumas toneladas/ano) e com elevado grau de pureza.
Os produtos da química fina compreendem:
Os intermediários de síntese são obtidos através de sínteses químicas de várias etapas, normalmente a partir de commodities relacionadas com a petroquímica ou, mais modernamente, via processos biotecnológicos a partir da biomassa renovável e da não renovável. A principal característica do intermediário de síntese é que o mesmo composto pode ser utilizado em diversos setores da indústria da química fina. Intermediários inorgânicos de síntese química podem ser usados diretamente para obtenção de especialidades da química fina (alguns catalisadores e aditivos). Na Fig. 1 é apresentada essa concepção de cadeia produtiva para a química fina, de cima para baixo.
Fig. 1. Caracterização da Química Fina.
Os intermediários de uso ou de performance, por sua vez, são produzidos a partir dos intermediários de síntese, e compreendem os princípios ativos para medicamentos (farmacoquímicos), defensivos animais e agroquímicos e os produtos técnicos, que são usados em cosméticos, por exemplo.
Os agroquímicos são também chamados de defensivos agrícolas ou agrotóxicos. Segundo as formas de aplicação, classificam-se em: inseticida, acaricida, fungicida, nematicida, herbicida etc. Cipermetrina, epoxiconazol e bentazona são exemplos de princípios ativos de inseticidas, fungicidas e herbicidas, respectivamente (Fig. 2).
Fig. 2. Exemplos de princípios ativos de agroquímicos (defensivos agrícolas).
Os defensivos animais ou produtos veterinários são destinados à prevenção, diagnóstico, cura ou tratamento das doenças dos animais. Os princípios ativos para esta especialidade química são oriundos da Química Fina. A Ivermectina (Figura 3) é um exemplo de princípio ativo de defensivos animais contra parasitas.
Fig. 3. Princípio ativo de defensivo animal (produto veterinário).
Qualquer substância introduzida na formulação de uma forma farmacêutica que, quando administrada em um paciente, atua como ingrediente ativo é denominada de insumo farmacêutico ativo (IFA) ou farmoquímico (alguns exemplos de IFAs na Fig. 4).
Fig. 4. Exemplos de IFAs. Os 4 primeiros são IFAs nacionais.
Os IFAs representam o início da cadeia produtiva da indústria farmacêutica. Para assegurar a qualidade na produção de medicamentos, a ANVISA é responsável pela autorização de funcionamento das empresas, pela verificação das Boas Práticas de Fabricação e elaboração de normas (Fig. 5). A implantação, operação industrial e perenidade financeira depende fortemente de uma indústria química de produção de matérias-primas, solventes orgânicos e de intermediários de síntese.
Fig. 5. Cadeia produtiva de medicamentos.